domingo, 17 de fevereiro de 2013

Entrevista - Simone Simons e Isaac Delahaye


Entrevistadora (Rhiannon Marley): Vamos começar falando sobre o mais novo álbum, Requiem for the Indifferent. Como vocês acham que cresceram desde seu último trabalho, Design Your Universe? Algo de diferente aconteceu nesse processo, ou algo que você não esperava que mudasse, mudou?

Simone: Bem, nós continuamos a ser uma banda de metal; nós não mudamos de repente pra uma banda mais de rock. Nós estivemos trabalhando por dez anos agora: estivemos em turnê por todo o mundo, e definitivamente ganhamos experiência. Tivemos mudanças na formação, temos dois novos membros. É o quinto álbum agora, que é o álbum de metal mais equilibrado, mais maduro, que fizemos. Estivemos todos muito envolvidos no processo de escrita, e estamos bastante satisfeitos com o resultado. Valeu todo o sangue, suor e lágrimas.


E: E o que você acha, Isaac?

Isaac: Eu acho que é, sim, mais maduro, de uma forma que você tem todo um arquivo para ver o que foi feito de errado no passado. Eu sempre uso a palavra 'equilibrado': é mais equilibrado do que os trabalhos passados. Design Your Universe foi, talvez, um pouco acima-do-topo, épico, dramático. Mas este, se ele tem que ser pesado, é bem pesado; ainda assim, se ele tiver que ser íntimo, ele é bastante calmo. Então essas dinâmicas estão um pouco mais elaboradas, por isso eu acho, assim como todo artista diz achar, que o novo álbum é melhor que o anterior. É para as pessoas julgarem, mas é o que eu acho.



E: Como músicos e compositores, como vocês passam pelos desafios e obstáculos apresentados pela criação de um novo álbum e novas músicas? Se seu trabalho deve ser consistentemente forte, há uma fórmula pronta que vocês aplicam quando estão trabalhando em novas gravações, ou ela muda a cada uma?

Simone: É o mesmo que sempre foi, o processo de escrita.

Isaac: Você nunca sabe o que vai sair; não é como se nós sentássemos em volta de uma mesa antes de começar. A música do Epica sempre começa individualmente; não é como se disséssemos 'então, somos uma banda, agora vamos para o estúdio e agora começamos a escrever'.
Todos nós temos nossos próprios estúdios em casa, e trabalhamos a uma certa distância, porque temos membros da banda em três países diferentes. Então existe essa forma diferente de trabalharmos, e praticamente começamos cada um por si. E, depois disso, quando temos uma camada básica da música fazemos o que quer que achamos boa ideia na música, a mandamos para os outros caras, e assim todos trabalham nessa música, e ajudam a fazê-la soar Epica. Você (aponta pra Simone) é muito influente com o vocal e o jeito de cantar, e nosso baterista é um dos melhores bateristas que eu conheço. São elementos muito típicos: temos coral e orquestra, coisas desse tipo. Tudo isso, no fim, a faz Epica.
Não importa o que você acha da música que compôs, se você coloca tudo isso junto, ela será o que é. No mesmo álbum, você pode ter uma balada, uma música bem brutal, uma comercial e mais curta, tudo sob o mesmo teto. Mas se você combina elas, elas têm sua própria fluência, e soa como o Epica deve soar.


E: É verdade que o título de Requiem for the Indifferent é uma lamentação de como os seres humanos não são tão cooperativos na proteção do mundo como poderíamos ser? Vocês podem nos dizer um pouco sobre o conceito por trás do novo álbum?

Simone: A ideia veio do Mark; ele é quem entende totalmente sobre política, e está sempre por dentro do que está acontecendo no mundo. Ele tem voz, e gostaria de dar opinião descrevendo a situação atual do mundo: desastres naturais, políticos, primavera árabe, crise financeira, ditadorismo em geral, e a ideia de que as pessoas são 'menos' do que os seus líderes, que eles conduzem um tipo de vida reprimida. As mulheres na cultura islâmica são vistas como menores que os homens, e que acredito que mulheres têm o mesmo potencial que os homens, e também podem liderar...

Isaac: (Olhando para cada uma das mulheres em volta) É melhor eu prestar atenção no que digo!

E: Sim, há três mulheres aqui!

Isaac: Eu só direi 'Concordo!'

   

Simone: Então com cada CD, temos assuntos recorrentes sobre política, religião, e misturamos isso com coisas que estão acontecendo no momento, para inspirar os fãs também: aqueles que realmente lêm nossas letras, que estão pensando sobre elas, e tirando suas bundas do sofá para fazer algo com suas vidas. Também escrevemos para as pessoas que estão pensando no mundo em geral, não só 'eu, eu, eu' e sendo egoístas.

E: Quais são seus pensamentos pessoais a respeito do que acontece atualmente? Vocês acham que as coisas estão no precipício da resolução política e financialmente, ou que ainda tem um longo caminho?

Simone: Provavelmente ainda há um longo caminho, mas você tem que começar de algum lugar, e tem que ser esperançoso, porque se você não for, então de qualquer forma, está acabado. Pensamento positivo dá mais energia do que o pensamento negativo, é a minha opinião. Por mais que tenha um monte de merda acontecendo, por sorte nós vivemos na Holanda, Bélgica e eu na Alemanha. Nós não notamos muita coisa em termos de opressão, crise financeira, desastres naturais.

    

Nós estivemos longe disso. Mas isso não quer dizer que não estejamos preocupados; viajando pelo mundo você passa a ver as coisas, e é importante transmitir as informações sobre através da música, porque você pode atingir muitas pessoas. Isso deve ser usado para o bem maior, eu acho.

Isaac: Hoje em dia, parece que o mundo tem se tornado menor por conta da internet, então você fica mais conectado de alguma forma. Há um tempo, as pessoas não sabiam nem como o país vizinho era, porque nunca saíram do seu. Mas mesmo que você não viaje para outro país, você pode vê-lo online: temos webcams para checar se há neve onde se quer ir, etc. Ou a Primavera Árabe, que basicamente começou com uns caras pegando os celulares, gravando vídeos do que realmente acontece nas ruas, e colocando-os na internet.

    

As pessoas no Facebook disseram, 'Vamos começar uma revolta, estejam neste lugar, nesta hora, e faremos algo sobre isso'. Isto é o quanto o mundo ficou pequeno. Às vezes é assustador o quanto você se sente confiante com essas mídias e gadgets, celular, etc.
Se houvesse um desastre natural, seu celular não funcionaria mais, sua internet estaria fora do ar, e você estaria totalmente sem ajuda. É um pensamento estranho.

E: É interessante você ter mencionado a opressão feminina, Simone. Em termos de sucesso na arena do metal, o quanto você acha que é enfatizado no fato de você ser bonita antes de as pessoas ouvirem sua voz? Você sente que há um equilíbrio de igualidade com a mudança com o tempo, ou que ainda há pressão ocorrendo de certa forma antes que você seja respeitada?

Simone: Há os dois lados. Primeiro de tudo, quando você quer conquistar algo lá fora, tem que ter em mente que Epica não é tocado na rádio. Então temos certeza de que a capa do álbum está bonita, porque você tem que prender a atenção de potenciais compradores e fãs, então eles poderão ouvir as músicas.
É importante embalar o produto de uma boa forma. Eu pessoalmente amo me vestir, fazer a maquiagem e esse tipo de coisa, então fica bom. Mas eu sou, primeiro de tudo, cantora. Uma mulher sempre gosta de receber um elogio, como "você é bonita". Mas, na maior parte do tempo, as pessoas não acham que há 'mais' por trás de um rosto bonito. Elas acham que você vai ser estúpida, ou que não terá um opinião, ou um QI alto. Mas eu provo que elas estão erradas! (risos)

Isaac: Perguntaram-me coisa semelhante ontem - eu estava dando a entrevista sozinho, sem a Simone, e o cara me perguntou sobre isso. Eu respondi: "olhe as outras bandas de metal, que não têm mulheres no vocal: elas também têm cantores, que são a cara da banda, mas porque eles são caras, com cabelo longo, está tudo bem se eles recebem mais atenção."
Mas é em toda banda que o vocalista ganha mais atenção. E porque Simone é bonita, eles pensam "é estranho, ela é bonita, não pode ser talentosa ou intelectual ao mesmo tempo". Mais uma vez, com toda a mídia, todos são juízes hoje em dia: as pessoas no Facebook ficam dizendo "Esse cara é um saco, esse outro é um perdedor, etc". Então todos gritam coisas negativas uns aos outros, mas eu penso "bem, se você tem essa opinião, muito bom pra você". Se as pessoas ouvem as músicas e gostam, é ótimo. Se não gostarem, tudo bem também.

Simone: É uma situação onde os dois ganham. Quero dizer, nós temos caras bonitos na banda, então as garotas têm algo e os caras também, e a música é ótima, então temos tudo!


E: Como vocês sentem que o Requiem for the Indifferent fica entre a sua discografia no momento? Quais são os destaques do álbum para vocês dois?

Simone: No CD, a última música do álbum, Serenade of Self-Destruction, é uma música totalmente 'Epica': ela é muito épica, tem lindas melodias e ótima fluência. É um pacote perfeito do que o Epica oferece. Storm the Sorrow será nosso single, teremos um clipe para ela.
Já tocamos essa música ao vivo, e o público amou. A primeira música do álbum, Monopoly on Truth... ela é basicamente o CD que eu amo todas as músicas. O Design Your Universe também foi um dos meus CDs preferidos, mas tem sempre uma ou duas que eu penso 'Nah'... Nós não tivemos que dizer isso pra gravadora, nós realmente gostamos deste álbum!

Isaac: Imagine se não gostássemos...

Simone: É um saco! Horrível! (risos)

Isaac: Pra mim, eu também gosto da primeira faixa, Monopoly on Truth. É também algo que eu acabo sendo repetitivo nas entrevistas: Eu acho que somos uma banda que escreve o 'álbum', não apenas 'músicas que acabam estando no álbum'. Então é muito difícil de separar uma, mas como guitarrista, a primeira música é, no sentido da guitarra, bastante desafiadora, e eu gosto muito dos riffs, mas ela também é uma balada às vezes.
Você não pode simplesmente colocar uma música em qualquer lugar no álbum; se você colocar a música 'naquela' posição, entre 'essas duas' músicas, então ela acaba fazendo ou não ficar ainda melhor. Mas o álbum, em geral, é, pra mim, bem melhor do que os que fizemos antes.


E: Quer dizer, nós poderíamos dizer que não é, mas... (risos)

Isaac: Ficaríamos muito surpresos se esse fosse o caso, porque ninguém disse isso até agora. (risos)

E: Algumas perguntas mais leves para vocês antes de finalizarmos: se cada um de vocês pudessem escolher cinco personalidades da música, presentes ou passados, vivos ou mortos, para um jantar, quem seriam?

Simone: Mozart, Kurt Cobain, Amy Winehouse...

Isaac: Estão todos mortos! (risos)

Simone: Eu estava pensando, se você pudesse sonhar, poderia trazer os mortos de volta à vida... Eu gostaria de ter uma outra conversa com o vocalista o Rammstein, na verdade. Ele foi um completo idiota comigo quando eu o conheci. Eu estava tão nervosa, eu estava tipo... a primeira vez que eu realmente tremia os joelhos. Eu acho que uma banda daquelas recebe muitas perguntas como 'podemos tirar uma foto?' o tempo todo.
Eu sei como é, mas eu pensei: 'Merda, essa é minha chance, tenho que conseguir.' E eles estavam todos juntos, estavam sentados a uma mesa ao sol, e eu disse a ele: 'Eu poderia, por favor, tirar uma foto com você?', e ele respondeu: (grave e de má vontade) 'Ah, ta bom.' Eu estava tão nervosa que perguntei coisas bobas, como: 'Devo ficar com meus óculos?', ele disse: 'To nem aí'. E aí ele viu meu anel, que também é um relógio, e disse: 'Que legal.' E essa foi nossa conversa.

Isaac: Então esse é o motivo pra você chamar ele de completo idiota? Ele foi legal! Ele só não ligou se você estava de óculos ou sem!

Simone: Mesmo assim! Foi o jeito que ele disse! Mas é como os caras são em geral; são diferente das garotas. Mas ele não estava com vontade, e não quis ser legal.

Isaac: E ele ainda está convidado pro seu jantar?

Simone: Eu queria saber se ele é mesmo um completo idiota ou não! Mas um... Elvis? (risos) Lady Gaga - eu gostaria de saber se aquilo tudo é de verdade.

Isaac: Obviamente, eu chamaria Dimebag Darrell! Tommy Emmanuel, um violonista Australiano - eu amo o estilo dele, e o jeito dele como pessoa. Ele pode se juntar a mim. Randy Newman também.

Simone: Ah! Dio também, porque ele era um amor! Eu o conheci.

E: Talvez devêssemos trocar o Till Lindemann do Rammstein pelo Dio, se ele é horrível. Feche a porta na cara do Lindemann, e deixe Dio passar por ele e entrar na casa.

Isaac: Haha! Eu acho que eu chamaria também o Robbie Williams: ele é um cara bem 'pop', mas lá dentro, eu acho que ele é um rocker! Seria legal tê-lo na minha mesa.

Simone: Ele é um cara legal, eu acho.

Isaac: Mais um...

Simone: James Blunt?

E: Haha! Sério?

Simone: Ele tem um CD do James Blunt. Eu não gosto.

Isaac: (Faz a cara do James Blunt e todas riem) Não, ele não está convidado! Eu preciso de uma garota muito, muito bonita...

Simone: Mariah Carey? Ela só ia querer comer caviar e beber champagne... seria um jantar caro... leva eu!

Isaac: Você comeria meus doces todos! Jimi Hendrix. Não consigo pensar em nenhuma garota bonita!

E: Ele era bonito! A última para vocês: Ilha deserta. Se vocês pudessem levar três álbuns cada um com vocês para uma ilha deserta, quais seriam?

Simone: Três compilation albuns!

Isaac: Eu levaria um do Tommy Emmanuel, acústico; talvez o último álbum do Soilwork; então um álbum do Rammstein, só por causa daquele vocalista! (olha pra Simone e ri)

Simone: Eu gosto da Doris Day, então provavelmente eu levaria um álbum dela; e do Imogen Heap - Speak for Yourself; e Opeth - Watershed. Mas eu também posso cantar pra entreter as pessoas. (olha pro Isaac) Para um guitarrista, estar lá sem uma guitarra, você ta bem ferrado. Você teria que fazer cordas de palmeiras, ou qualquer coisa...!


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