Para começar, Indigo é o nome de uma cor, um tom de azul. Acredita-se que é um estimulante para a intuição e a imaginação, sedante e que está associado ao funcionamento do cérebro. Faz parte das cores que fornecem equilíbrio para a mente. Além disso, a cor é associada, espiritualmente, à uma aura Mestre. Ou seja, uma aura extremamente desenvolvida.
Notemos que a capa do The Divine Conspiracy é dessa cor:
Quæstio nostra est æterna Nossa busca é eterna
Ultima requies fons vitæ Descanso final, fonte da vida
Sed nos eam novam existimemus Mas é ela que nos julgará
O Epica fala, em suas letras, sobre buscas, as quais podem ter os mais diversos significados. Podemos perceber que um dos mais presentes é a espiritualidade, ou seja, a busca por uma explicação e vivência de algum dogma.
A primeira frase, portanto, nos abre muitas perspectivas. Uma das mais plausíveis é a busca pela paz após a morte, ou, como é colocado logo em seguida, o "descanso final".
Esse descanso seria uma "fonte de vida", ou seja, uma oportunidade de realizar coisas boas e que nos tragam sentimentos de satisfação. É a maneira como deveríamos encarar a morte: algo tranquilo.
A forma como encaramos a morte pode ser uma forma de sermos julgados. Podemos estar tranquilos com a perspectiva de nos desprender de sofrimentos, ou tristes por estarmos deixando para trás uma vida baseada no materialismo. A forma como encaramos esse acontecimento diz muito sobre nós.
Nessa relação entre o significado do título e da música, aparece algo bastante curioso. Há um livro budista chamado Bardo Thödol, que inclusive é mencionado em Kingdom of Heaven. É um texto funerário que é lido em um ritual de três momentos, ou três bardos. O morto precisa se libertar da vida que acaba de perder, e o faz escutando os rituais. "Mas o que isso tem a ver com Índigo?", você pode estar se perguntando. Calma que eu já chego lá. Acredita-se que a cor índigo esteja relacionada ao estado de sedação do cérebro. Seria como estar desligado de vários (ou todos) os aspectos da realidade que nos circunda. E há um trecho do Bardo Thödol que descreve esse estado: "Mais além da luz da vida está o pacífico silêncio do vazio. [...] Não-pensamento, não visão, não-cor, é vazio."
Em suma: uma das maneiras de interpretar essa música é através da perspectiva do acontecimento da morte, suas consequências e toda a espiritualidade por trás dela. Que tabu, não é? Mas é interessante encarar esse acontecimento como uma forma de aprendizado, uma oportundiade de rever os nossos conceitos. E não precisamos nem morrer pra isso, rs! Basta pensar em como lidamos com a morte.
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