sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Entrevista - Mark Jansen

Entrevistador (Jason Levine): Vocês recentemente lançaram o The Divine Conspiracy, há um mês, na América. Como o álbum está até agora?

M: Como ele está eu não tenho nem ideia, haha. Espero que esteja bem. Mas como estamos em turnê, não temos tido muito contato com a gravadora. Então realmente não tenho ideia.

E: Mesmo na Europa?


M: Foi lançado agora na Europa. Na Europa, eu acho que pode entrar para as "paradas de sucesso" na Holanda, e espero que na Alemanha e Bélgica... E com certeza na Áustria, haha. É uma piadinha pros meus amigos da banda Vision Of Atlantis.

E: Com esse álbum, você levou a música a um mais alto nível. Qual foi a inspiração por trás do The Divine Conspiracy?

M: Tivemos uma porção de más experiências depois do show em Paradiso. Nossa gravadora quebrou, nosso baterista saiu. Então houve muita coisa negativa  nesse período. Tentamos converter essa energia negativa em algo positivo, e o produto disso foi o The Divine Conspiracy. Então quando tudo aquilo estava acontecendo, trabalhamos ainda mais duro. Então pode-se dizer que quando algo muito negativo acontece com o Epica, algo muito positivo acontece em retorno.

E: Esse álbum pode ser considerado mais pessoal por você não ter mais que prestar contas dos direitos da Transmission Records?

M: Sim. Nós até escrevemos uma música sobre a Transmission Records, se chama Menace Of Vanity. É uma música alegre com letra alegre. É claro que estamos gratos por eles pelo tempo inicial. A Transmission fez muito por nós investindo no Epica tempo e dinheiro.  Mas depois nós queríamos continuar evoluindo, estávamos como que atingindo o máximo o tempo todo, e a Transmission não tinha a capacidade de nos levar a um próximo nível. Por um lado, foi até bom que eles faliram, porque assinamos com a Nuclear Blast e eles têm essa capacidade. Foi o que eu disse. Quando algo ruim acontece, algo bom vem em retorno.

E: A Nuclear Blast ta tomando conta de vocês direitinho?

M: Sim, está sim.

E: A primeira vez que vocês vieram pros Estados Unidos foi como banda suporte pro Kamelot. Qual foi a decisão de virar palco principal dessa vez?

M: Sim. Na primeira vez, tivemos oportunidade de ir numa turnê com o Kamelot com o Jon Finberg como agendista. Ele perguntou: "Querem voltar aqui?" Tentamos agendar a turnê com alguma outra banda de vocal feminino, que acabou sendo Vision Of Atlantis. Foi uma ótima oportunidade de voltarmos, dessa vez como palco principal. Se não fosse por isso, teríamos que esperar outra banda para darmos suporte, e só iríamos querer uma banda que fosse muito boa para trazer um grande público. Então, talvez, se houver a oportunidade de dar suporte a um show realmente grande, nós aceitaríamos. Do contrário, vamos continuar vindo como palco principal. Mas vai depender do que está disponível.

E: Como palco principal, vocês tocaram por quase uma hora e cinquenta minutos essa noite, o que é incomum por aqui. Você gosta de tocar shows mais demorados?

M: Sim. Sempre tem lados positivos nos shows longos.  Um deles é que os fãs sempre pediram, quando viemos como apoio, para voltar como palco principal. Desse jeito, tocaríamos por muito mais tempo. Também pudemos tocar todas as melhores músicas. Esse é um impacto positivo de estar como palco principal. Sempre dá pra tocar por mais tempo. Por outro lado, exige mais energia. Por isso os dias sem shows acabam sendo úteis. Muito úteis.

E: Vocês adicionaram algumas músicas no encore que não estavam no set list. Como a banda decide sobre isso?

M: Nós vamos pela energia do público. Se eles estão animados durante o show, nós os damos mais. Eles pagam muito pra ver a gente e gostamos de oferecer algo especial. Normalmente nós tocamos uma ou duas músicas a mais do que está escrito, mas essa noite foram três porque o público aqui em Nova Iorque estava o máximo!

E: Como o público vem reagindo até agora?

M: Até agora, muito bem. Às vezes, temos uns públicos bem pequenos, mas até mesmo esses pequenos públicos têm muita energia. Um público como o de hoje à noite é realmente ótimo. É pra isso que fazemos música.

E: E vocês alimentaram essa energia do público. Os maiores show da Europa são sempre como esse?

M: Só nos melhores lugares, como Paris... Espanha. A Holanda nem tanto (risos). Nós tocamos tantas vezes na Holanda que o público já ficou meio mimado. Mas quando formos como palco principal, eles vão agir da mesma forma. Fizemos um show em Paradiso, que foi uma mistura. O público era uma mistura de fãs de toda a Europa e alguns fãs dos Estados Unidos, Brasil e até do Israel. Foi o público mais foda que eu já vi. Então é possível isso na Holanda, mas pra isso é necessário uma mistura de todo mundo do mundo inteiro.

E: Falando no Paradiso, como foi a ideia de lançar um livro e um álbum?

M: É, nós queríamos lançar. The Road To Paradiso foi o que decidimos fazer, porque era a ideia da gravadora tembém. Eles queriam que tivéssemos algo extra entre o lançamento dos CDs. Nós dizemos "ta, ok, mas só se fizerem algo bonito concordaremos". Felizmente, eles fizeram. Da próxima vez que fizermos um livro, será futuramente conforme nosso desenvolvimento. Para ter mais coisas interessantes. Então não pudemos falar nada sobre a Transmission Records, porque era nossa gravadora. Tivemos que ser bonzinhos. Mas o Paradiso em DVD ainda não pôde ser lançado porque a Transmission Records ainda tem os direitos, e eles não querem nem mesmo nos vender esses direitos. Por isso, enquanto nada mudar, o DVD vai continuar sem nunca ser lançado, o que é péssimo, porque é um ótimo DVD. Eu já assisti a todas as filmagens, e é uma pena que esse show não possa ser lançado pra que os outros assistam.

E: Você gostaria de comprar os direitos ou esperar que...

M: Já tentamos muitas vezes.

E: Esperar até que os direitos estejam disponíveis?

M: Já tentamos comprar os direitos mas o dono da Transmission Records não quer vender.

E: No livro, tiveram histórias e fotos mandadas por fãs. De quem foi essa ideia, e o quão conectados vocês se sentem aos fãs?

M: Também foi ideia da gravadora, mas foi algo muito importante para nós, ter esse reforço positivo. Foi ideia deles fazer um livro dos fãs e para os fãs, e foi por isso que concordamos com o livro; porque os fãs são muito importante para nós, os fãs são tudo para nós. Sem fãs, não há shows, não há nada. Então é por isso que sempre saimos pra falar com o pessoal, torar fotos, coisas do tipo. Acho que se não pudéssemos mais fazer isso, não seria tão divertido. Então acho que faremos isso sempre, a não ser que nos tornemos como... os Rolling Stones.

E: Mas, por enquanto, sua relação com os fãs é bem próxima?

M: Sim. Absolutamente.

E: Como você se sentiu quando todas aquelas cartas para o livro chegaram?

M: Tive uma reação muito emocional ao ver o que a música significa para as pessoas. Algumas pessoas estavam até a ponto de cometer suicídio e, por causa da nossa música, se mantiveram vivos. Foi isso que escreveram. Mesmo com tudo isso, eu não faço ideia do quanto a música é importante pras pessoas. Mas parece que é... E é ótimo ler isso.

E: Vocês usaram a Simone como capa para muitos dos seus CDs. De quem foi a ideia de usar essa última foto dela para a capa do The Divine Conspiracy, da banda ou dela?

M: Não, foi ideia dela. Todo mundo achou que foi ideia da banda ou do administrador, mas ela mesma quis. Nós até dissemos a ela que deveria ser feito artisticamente, se não, não faríamos. Ela disse que é claro que seria artístico, então concordamos. Esperamos para ver o resultado e ficou bem legal, por isso aceitamos.

E: Vocês usaram fotos dela na maioria das capas, você acha que é bom ter uma mulher na frente da banda assim como tinha no After Forever, onde você pode usar a imagem dela para promover a banda?

M: Sim, imagem é muito importante. É claro que a música tem que ser o mais importante, mas quando se tem uma vocalista bonita, deve-se usar a imagem dela, eu acho. Uma banda como HIM. O vocalista é homem. Todas o amam. Então amam HIM. Entendeu, né? Por causa da beleza dele. Então eu acho que se alguém tem essa beleza, deve fazer uso dela.


E: Depois dessa turnê, vocês voltam ao Metal Female Voices Festival; o Epica tocou lá 4 vezes em 5 anos. Esse é um show especial para vocês a cada ano?

M: Sim. O organizador até disse que inventou esse tipo de festival para nós. Porque no começo nós não tínhamos muitos shows escalados ainda, e então Philty (organizador do MFVF) disse que faria uma festival só com bandas de vocal feminino para o Epica. Então, na primeira ediação, nós fomos palco principal. Depois o festival ficou maior e maior. Então nós temos uma ótima relação com Philty e com o festival. Com certeza. Sim.

E: Então esse é um dos seus shows preferidos de cada ano?

M: Sim, claro. É sempre uma ótima atmosfera. É também muito único, porque não existia antes; um festival apenas com bandas de vocais femininos. Sim, MFVF é muito especial.

E: Vocês têm algum plano pro show desse ano? (MFVF V)

M: Sim. Dessa vez faremos um show com efeitos pirofágicos e também teremos alguns convidados especiais. Então será muito especial dessa vez, sim.

E: Na Holanda, o metal com vocais femininos é bem vasto, com bandas como Within Temptation, After Forever e Epica. Como é ser parte desse cenário agora que todas as bandas estão começando a vir para a América?

M: Sim, é uma grande surpresa pra mim também. Todas essas bandas estão vindo para a América. Porque antes muita gente dizia: por que o Within Temptation não vem? Por que o After Forever não vem? E agora todas as bandas estão vindo. Então espero que não seja exagero agora.

E: Eu não acho que seja.

M: Mas é uma coisa boa. Há um cenário muito rico na Holanda e é bom ver que todos podem se apresentar nos Estados Unidos. Porque as bandas já haviam ido à América do Sul, toda a Europa e agora também aos Estados Unidos e Canadá.

E: Sua experiência nos Estados Unidos está sendo boa?

M: Sim. A única coisa é que é sempre difícil entrar nos Estados Unidos. Mas quando se está aqui é bom. Porque dá muito trabalho conseguir um visa. Você deve provar que você tem uma banda grande. Tem que fazer entrevistas. Tem que ter CDs revisados. É muito trabalho mesmo e se você não tiver tudo isso junto, você não está permitido de entrar. Mas uma vez que tudo isso é feito, é muito bom estar aqui, é um ótimo país com muitas possibilidades. Dá pra tocar em muitas cidades grandes, minha favorita é São Francisco.


E: Não é Nova York?

M: Não. Eu amo Naova York, o público é sempre ótimo. Mas São Francisco tem algo mágico. Nova York é muito movimentada pra mim.

E: Eu entendo que o Epica fará alguma tipo de promoção para a Sonic Catedral...

M: Sim.

E: Um sorteio de um autógrafo?

M: Isso, algo para nossos fãs.


E: Obrigado pelo seu tempo, Mark. Foi ótimo ver sua banda tocando essa noite.

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